Eu nasci em Uganda, no distrito de Gomba. A maioria das pessoas naquela região era muito pobre. Nossa cidade não tinha energia elétrica, então a gente tinha que usar um lampião para enxergar à noite.

 Meus pais tinham saído de Ruanda para morar em Uganda. Eles eram agricultores e plantavam café e banana. Com as bananas, eles faziam uma bebida destilada muito comum na região, chamada waragi. Meus pais também criavam galinhas, cabras, porcos e vacas. Por causa da minha cultura e da minha criação, eu achava que uma esposa tinha que ser obediente ao marido o tempo todo e que não tinha o direito de expressar a opinião dela.

 Quando eu tinha 23 anos, eu me mudei para Ruanda. Lá eu costumava ir a boates com outras pessoas da minha idade. O gerente de uma boate até me deu um cartão de acesso livre de tanto que eu ia lá. Eu também gostava de ver filmes de lutas e que tinham cenas de violência muito fortes. Os lugares que eu frequentava e as minhas diversões me influenciaram, e eu me tornei uma pessoa imoral, violenta e que bebia demais.

 Em 2000, eu fui viver com uma mulher chamada Skolastique Kabagwira, e nós tivemos três filhos. Por causa do que eu tinha aprendido quando era mais novo, eu obrigava minha mulher a se ajoelhar quando ia me cumprimentar ou me pedir alguma coisa. Eu também dizia que tudo que a gente tinha era só meu e que eu podia fazer o que quisesse com essas coisas. Muitas vezes eu saía à noite e voltava umas 3 da madrugada, quase sempre bêbado. Se Skolastique demorasse muito para abrir a porta, eu batia nela.

 Naquela época, eu estava trabalhando como supervisor numa empresa de segurança e ganhava um bom salário. Skolastique tentava me convencer a ir com ela numa igreja Pentecostal porque ela achava que isso ia me ajudar a mudar. Mas eu não estava interessado. Em vez disso, eu acabei me envolvendo com outra mulher. Por causa do meu comportamento violento e imoral, Skolastique pegou nossos três filhos e foi morar com os pais dela.

 Um amigo da nossa família, que era mais velho, conversou comigo sobre o que eu estava fazendo com a minha vida. Ele me aconselhou a voltar com Skolastique. Ele disse que meus filhinhos não mereciam crescer longe do pai. Então em 2005 eu parei de beber, deixei a outra mulher e voltei a viver com Skolastique. Em 2006 nós nos casamos. Mesmo assim, eu ainda era violento e maltratava a minha esposa.

 Em 2008, um homem chamado Joël, que era Testemunha de Jeová, visitou nossa casa, e eu escutei o que ele tinha a dizer. Durante alguns meses, ele e seu amigo Bonaventure, que também era Testemunha de Jeová, me visitaram várias vezes. A gente conversava sobre assuntos profundos da Bíblia. Eu tinha muitas perguntas, principalmente sobre o livro de Apocalipse. Mas na verdade, eu estava tentando provar que as Testemunhas de Jeová estavam erradas. Uma das coisas que eu não concordava era por que elas ensinavam que a “grande multidão” de Apocalipse 7:9 vai viver na Terra se o versículo diz que eles estavam “em pé diante do trono [de Deus] e diante do Cordeiro”, Jesus Cristo. Joël respondia minhas perguntas com muita paciência. Por exemplo, ele me mostrou Isaías 66:1, onde Deus chama a Terra de ‘apoio para os pés’. É por isso que, mesmo estando na Terra, a grande multidão está em pé diante do trono de Deus. Por fim eu li Salmo 37:29, que diz que os justos vão viver para sempre na Terra.

 Com o tempo, eu e minha esposa começamos a estudar a Bíblia com Bonaventure. Por causa do que eu aprendia na Bíblia, eu quis mudar minha vida. Eu aprendi a tratar minha esposa com respeito. Eu não queria mais que ela ficasse de joelhos pra me cumprimentar ou pra me pedir alguma coisa. Eu parei de dizer que todas as coisas que a gente tinha eram só minhas. E também parei de ver filmes violentos. Fazer todas essas mudanças foi muito difícil. Eu tive que aprender a me controlar e a ser humilde.

 Alguns anos antes, eu tinha mandado nosso filho mais velho, Christian, para morar com alguns parentes em Uganda. Mas depois de ler Deuteronômio 6:4-7, eu percebi que Deus deu aos pais a responsabilidade de cuidar dos filhos e também de ensinar a eles o que a Bíblia ensina. Todos nós ficamos muito felizes por estarmos juntos de novo!

 Eu aprendi que Jeová é um Deus misericordioso, e eu tenho certeza que ele me perdoou pelas coisas que eu fiz no passado. Eu fico muito feliz que Skolastique também aceitou estudar a Bíblia. Nós dedicamos nossa vida a Jeová e nos batizamos no mesmo dia, em 4 de dezembro de 2010. Agora a gente confia um no outro, e nossa família é feliz por seguir os conselhos da Bíblia. Minha esposa fica muito feliz porque agora eu volto pra casa logo depois do trabalho. Ela também gosta da maneira como eu a trato, com dignidade e respeito. E também está feliz por eu ter decidido parar de tomar bebidas alcoólicas e por eu não ser mais um homem violento. Em 2015, eu fui designado como ancião para ajudar mais na congregação. Dos nossos cinco filhos, três são batizados.

 Quando eu comecei a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová, eu não fui logo aceitando tudo que elas me ensinavam. Mas eu fiquei impressionado por elas usarem a Bíblia para responder as minhas perguntas. Eu e minha esposa começamos a perceber que as pessoas que dizem servir a Deus devem realmente viver da maneira que Deus quer, e não obedecer apenas o que elas acham melhor. Eu agradeço muito a Jeová por ele ter me ajudado a ter uma amizade com ele e com outras pessoas que adoram a ele. Quando eu penso na minha vida, eu tenho certeza de que, com ajuda de Deus, qualquer pessoa sincera pode fazer as mudanças necessárias para agradar a Deus.